sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

RECORTES DE JORNAIS

Periodicamente me debruço diante de fotografias, recortes de jornais, cartazes, filipetas de shows, e às vezes me indago; este é eu mesmo? Por que faço isso? Não deveria estar fazendo ferreamente outras coisas? Tipo: estudando em uma Universidade, fazendo História ou Economia ou qualquer coisa parecida, para elevar a média de estudo do povo brasileiro ou ter mais credibilidade diante dos amigos?
As respostas vêm na próxima fotografia que encaro, e percebo nos meus traços, nas minhas rugas a expressão da verdade que me diz que aquele sou eu.
Não consigo me dizer não, quando leio o que o jornalista (que cursou uma faculdade) escreveu tempos atrás, sobre a minha trajetória musical, buscando naquela época manter ou garantir o seu emprego, formatando matérias e classificando-as como “importantes”, aí também me sinto importante.
O meu pai dizia “Quem fala a verdade não merece castigo”, cresci ouvindo frases desse gênero e hoje percebo que estes recortes de jornais, filipetas e fotografias de shows são retratos de uma verdade que cresce a cada dia e a cada ano. Se fossem mentiras decrescia o número de recortes de jornais e acredito que seria castigado.
Este sou eu mesmo.
Faço isso porque das coisas que tive oportunidade de conviver, é a música que me oferece condição real de entrega total, de doação, de me apresentar por inteiro para um desconhecido sem desconfiança e preconceito e de exercitar o auto-conhecimento.
Com certeza esta é a minha universidade. Apresentar para as pessoas me oferecendo: Esta música sou eu, sirvo pra você em alguma coisa positiva?
Se a resposta de uma em um milhão, for sim, fico feliz e aí existo.

Celso Moretti
Fevereiro/2004

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